outubro 01, 2007

Tocas um corpo, sentes-Ihe o repetido tremor

sob os teus dedos, o cálido andamento do sangue.

Observas-lhe o lânguido amolecimento,

as suas sombras corporais, o seu desvelado esplendor.

Não há palavras. Tocas um corpo; um mundo

enche agora as tuas mãos empurra o seu destino.

Estira-se o tempo nos pulmões

silva como um chicote rente aos lábios.As horas, o instante, detêm-se,

extrais aí a tua pequena parcela de eternidade.Antes foram os nomes e as datas.

a história tão clara e lúcida de dois rostos distantes.Depois aquilo a que chamas amor,

talvez se transforme em promessa arrancada,muro erguido que pretende encerrar

aquilo que só em liberdade pode ganhar-se.Não importa, agora nada importa.

Tocas um corpo, nele te fundes,apalpas a vida, real, comum. Já não estás só.

Juan Luis Panero

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