agosto 29, 2006


agora eu era linda outra vez
e tu existias e merecíamos
noite inteira um tão grande
amor

agora tu eras como o tempo
despido dos dias, por fim
vulnerável e nu, e eu
era por ti adentro eternamente

lentamente
como só lentamente
se deve morrer de amor


Valter Hugo Mãe

agosto 24, 2006

Drão


Uinda, uinda, uinda.. ; P

Drão, o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressucitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Dura caminhada, pela estrada escura

Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Entende-se infinito, imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Nossa caminha dura, cama de tatame
Pela vida afora

Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há-de haver mais compaixão
Quem poderá fazer, aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre nasce trigo
Vive morre pão
Drão, Drão

Caetano Veloso

agosto 22, 2006

Intimidade


No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

José Saramago

agosto 21, 2006

Cinderela


Um doce esta letra, é o que é....


Eles são duas crianças a viver esperanças,
a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia,
como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho
e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu
ele adormeceu e sonhou com ela...

Então, Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.
Cinderela das histórias a avivar memórias,
a deixar mistério

Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio,
quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada,
ele até chorou...

E agora, nos recreios,
dão os seus passeios, fazem muitos
planos.
E dividem a merenda,
tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses bons momentos,
houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

Carlos Paião

agosto 19, 2006


Se alguma vez te parecer
ouvir coisas sem sentido
não ligues, sou eu a dizer
que quero ficar contigo
e apenas obedeço
com as artes que conheço
ao princípio activo
que rege desde o começo
e mantém o mundo vivo

Se alguma vez me vires fazer
figuras teatrais
dignas dum palhaço pobre
sou eu a dançar a mais nobre
das danças nupciais
vê minhas plumas cardeais
em todo o seu esplendor
sou eu, sou eu, nem mais
a suplicar o teu amor

É a dança mais pungente
mão atrás e outra à frente
valsa de um homem carente
mão atrás e outra à frente
valsa de um homem carente.

Carlos Tê

agosto 17, 2006

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade

agosto 16, 2006

Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum.


Eugénio de Andrade

agosto 15, 2006

Quem não se lembra da pobrezinha da "Pretty Woman", tristinha da vida, a abandonar o hotel na sua limusine chorando as pedras da calçada? Aqui fica a homenagem ; p

It must have been love but it’s over now...

Lay a whisper on my pillow
Leave the winter on the ground
I wake up lonely, there’s air of silence
In the bedroom and all around

Touch me now, I close my eyes
And dream away

It must have been love but it’s over now
It must have been good but I lost it somehow
It must have been love but it’s over now
From the moment we touched still the time had run out

Make-believing we’re together
That I’m sheltered by your heart
But in and outside I’ve turned to water
Like a teardrop in your palm

And it’s a hard winter's day
I dream away

It must have been love but it’s over now
It was all that I wanted, now I’m living without
It must have been love but it’s over now
It’s where the water flows
It’s where the wind blows

It must have been love but it’s over now
It must have been good but I lost it somehow
It must have been love but it’s over now
From the moment we touched ‘til the time had run out

It must have been love but it’s over now
It was all that I wanted, now I’m living without
It must have been love but it’s over now
It’s where the water flows
It’s where the wind blows

Roxette

agosto 14, 2006

Mais um Verão


A altura mais desejada. Gelados de noz e avelã. Esplanadas regadas a amarguinha com limão. Praia à noite, à tarde e até de manhã.. ; p Filas intermináveis, buzinas nervosas e palavrões em todas as línguas.. Estacionamentos impossíveis. Jantares marcados por qualquer motivo ou por motivo nenhum.. Creme para antes do sol, para durante e para depois. Cumprimentos aos que só cá estão nesta altura, aos que cá estão sempre e aos que gostavam de estar. " Já deves estar cá com um bronze..", " Sim, tenho ido à praia todos os dias", " Hum.. Que inveja!!!".
Caipirinhas e caipiroscas, cervejas e cocktails, peixinho grelhado e muitas saladas.. Saudades inconfessáveis do Inverno.. Sensação permanente de invasão ao que é tão teu e que é partilhado (obrigatoriamente) por todo e qualquer ser humano.
Prédios a abarrotar de criancinhas histéricas e ranhosas. E cães. E avós. E melancias e arcas e rádios de pilhas.
Visitas de fim de semana. Visitas de semana. Levantamentos indisponíveis. Música ao vivo e karaoke.Muito karaoke. " Mas porquê????"
Engates descarados. Antipatia geral. Aborrecimento ocasional. Impaciência geral...
Festas da moda e das modinhas. Tias e tios e pseudo-tios. Vips e super vips e mega vips e vipzinhos. " Sem convite não pode entrar porque esta festa é só pra vips!" (risada geral).
Roupa leve e fresca. Televisão ainda mais aborrecida. Mongos com açucar e florzinhas deprimentes.
Afinal havia convites...Vips espalhados pela areia embebidos em bebidas à pala. Pose perdida. (risada geral).
Shot oferecido com a primeira bebida. Concertos no auditório. Mergulhos de mar, de piscina, de fonte, do que for. Marisco e vinho verde. Toalhas na areia. Areia nos pés. No cabelo. Nas mãos. Aproveitar tudo ao máximo. Noites mal dormidas....

Enfim... Mais um Verão.

julho 14, 2006

Para todos os que comigo caminharam...





Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas
dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.Vamo-nos perder no tempo....
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?
"Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!
"A saudade vai apertar bem dentro do peito.Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandestempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Fernando Pessoa

julho 12, 2006

Iremos juntos sozinhos pela areia
Embalados no dia
Colhendo as algas roxas e os corais
Que na praia deixou a maré cheia.

As palavras que disseres e eu disser
Serão somente as palavras que há nas coisas
Virás comigo desumanamente
Como vêm as ondas com o vento.

O belo dia liso como um linho
Interminável será sem um defeito
Cheio de imagens e conhecimento.
Sophia de Mello Breyner Andresen

julho 11, 2006

Quem disse ( porque te amava)

Quem disse
que esta ausência te devia?
Quem pensou
que esta denúncia se enganava?
Que um dia era pior
que outro dia
Que à noite era melhor
porque sonhava?
Quem disse
que esta dor te pertencia?
Quem pensou
que este amor me perturbava?
Que o longe era mais perto
se fugias
Que o dentro era mais longe
porque estavas?
Quem disse
que este ardor te evidência?
Quem pensou
que esta pena me cansava?
Que calar era pior
se te despia
Que gritar
era pior se te largava?
Quem disse
que esta paixão me curaria?
Quem pensou
que esta loucura me passava?
Que deixar-te era paz
porque corria
Que querer-te
era mau porque te amava?
Quem disse
que esta paixão te espantaria?
Quem pensou
que esta saudade me rasgava?
Que tudo era diferente
se te via
Que o pior era saber
que aqui não estavas?
Quem disse
que esta ternura te devia?
Quem pensou
que este saber se enganava?
Neste langor crescente
que crescia
Neste entender de nós
que cintilava?


Maria Teresa Horta

julho 10, 2006

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim
Já tao longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer,
Enquanto o nosso amor durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.


Miguel Torga



julho 09, 2006

O beijo



os nosso olhos, meus e teus, como os nossos olhos
sérios e parados numa certeza, dois espelhos a reflectirem-se,
um lago diante de um lago, uma montanha sempre, para sempre,
diante de uma montanha, os nossos olhos
são essa certeza no momento em que os nossos rostos
começam a aproximar-se, e muito devagar, como um
instante definitivo, fechamos as pálpebras sobre os olhos
porque abrimos universos dentro de nós, e a respiração
que sentimos na pele, que não sabemos se é tua ou minha,
é a respiração que ouvimos como tempestades de
uma hora de pânico e ânsia cega, oceanos à noite, praia
de afogados nocturnos e solitários que dão à costa e,
ao mesmo tempo, marés de verão, risos de crianças
como espuma de ondas, praia de brilho e mar, maré,
respiração que sentimos na pele,
e o tempo pára,
o tempo que passava pára no instante definido concreto,
em que um ponto dos teus lábios toca um ponto simples
de carne sensível dos meus lábios, o tempo é a paisagem
parada à nossa volta, que arde com as chamas de um incêndio,
entro no interior de ti para procurar-te, corro e corro
dentro da tua escuridão, salto troncos caídos, os meus
passos agarram-se à terra e levantam as folhas que
a chuva derrubou dentro de ti, beijo-te como se chorasse,
e tu encontras todos os caminhos dentro de mim, sem palavras,
pedes que te abra estradas e fico a ver-te enquanto
te afastas e te aproximas mais e mais do centro único
do meu interior, da minha única escuridão, beijas-me
como se chorasses, e será sombra, penumbra, ou será uma
explosão de luz, uma força incandescente que explode,
que nos empurra o peito, que nos lança para longe, que nos
lança no ar, que nos dispara no céu, os meus teus lábios
os teus meus lábios,
e o tempo recomeça,
assente num instante medido com uma régua na superfície
limpa livre do tempo, os nossos rostos não querem afastar-se,
mas, na pele sensível, o último toque do último ponto dos meus
e dos teus lábios, e a respiração, há universos que voltam a ser
arrumados, aquilo que tocámos e que explodimos volta
de novo ao seu lugar, e a respiração, estendem-se de novo
os rios, é longo o vento, abrimos as pálpebras sobre os olhos
e somos de novo a segurança da nossa certeza, e os nossos
absolutos olhos, meus e teus, são dois espelhos a reflectirem-se,
são um lago diante de um lago, são uma montanha sempre
para sempre, diante de uma montanha.
José Luis Peixoto

julho 07, 2006


«do lume sabes só que é porta
e tens de te queimar para saber
se abre ou fecha.»

Pedro Tamen

julho 06, 2006


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo,
não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim
como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro

julho 04, 2006


On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux.


Pourtant quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore,
Serais ce possible alors ?


On me dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.


Pourtant quelqu'un m'a dit...

Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?

Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit,
J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les
traits, "Il vous aime, c'est secret, ne lui dites pas
que je vous l'ai dit."


Tu vois, quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
Me l'a t'on vraiment dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?


On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s'en fait des manteaux.


Pourtant quelqu'un m'a dit...

Carla Bruni

julho 03, 2006

Sonhemos então...


Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.


Bernardo Soares

julho 02, 2006

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa

Sophia de Mello Breyner Andresen

julho 01, 2006



Para não esquecer...

junho 28, 2006

"Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "práticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, são rasgos de "tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona?Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sózinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a vida inteira, o amor não."
Miguel Esteves Cardoso

" Tendo visto com que lucidez e coerência lógica certos loucos justificam, a si próprios e aos outros, as suas ideias delirantes, perdi para sempre a segura certeza da lucidez da minha lucidez"


Bernardo Soares

junho 26, 2006

Porque


Porque os outros se mascaram mas tu não
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

junho 25, 2006



Provocaram uma certa azia mas no fim lá se fez a digestão...

junho 17, 2006

Todos os homens são maricas quando estão com gripe

A mais pura das verdades... ; p


Pachos na testa
terço na mão
uma botija
chá de limão
zaragatoas
vinho com mel
três aspirinas
creme na pele
grito de medo
chamo a mulher
ai Lurdes Lurdes
que vou morrer
mede-me a febre
olha-me a goela
cala os miúdos
fecha a janela
não quero a canja
nem a salada
ai Lurdes Lurdes
não vales nada
se tu sonhasses
como me sinto
já vejo a mortenunca te minto
já vejo o inferno
chamas diabos
anjos estranhos
cornos e rabos
vejo os demónios
nas suas danças
tigres sem listras
bodes de tranças
choros de coruja
risos de grilo
ai Lurdes Lurdes
que foi aquilo
não é chuva
no meu postigo
fica comigo
não é o vento
a cirandar
nem são as vozes
que vêm do marnão
é o pingode
um torneira
põe-me a santinha
à cabeceira
compõe-me a colcha
fala ao prior
pousa o Jesus
no cobertor
chama o doutor
passa a chamada
ai Lurdes Lurdes
nem dás por nada
não te levantes
que fico só
aqui sozinho
a apodrece
rai Lurdes Lurdes
que vou morrer.

António Lobo Antunes

junho 16, 2006



Tentei fugir da mancha mais escura que existe no teu corpo,
e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucurade não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escutao que sem voz me sai do coração.


David Mourão Ferreira


junho 14, 2006

Uno,um, eine, one...

Is it getting better
Or do you feel the same?
Will it make it easier on you now
You got someone to blame?
You say
One love,one life
When it's one need
In the night
One love
We get to share
It leaves you, baby
If you don't care for it
Did I disappoint you
Or leave a bad taste in your mouth?
You act like you never had love
And you want me to go without
Well, it's too late
Tonight
To drag your past out
Into the light
We're one
But we're not the same
We get to carry each other
Carry each other
One
Have you come here for forgiveness?
Have you come to raise the dead?
Have you come here to play Jesus
To the lepers in your head?
Did I ask too much?
More than a lot?
You gave me nothing now
It's all I got
We're one
But we're not the same
WellWe hurt each other
Then we do it again
You say
Love is a temple
Love, is a higher law
Love is a temple
Love, is a higher law
You ask me to enter
But then you make me crawl
And I can't be holding on
To what you got
When all you got is hurt
One love
One blood
One life you got
To do what you should
One life
With each other
Sisters, brothers
One life
But we're not the same
We get to carry each other
Carry each other
One...

U2

junho 12, 2006

Imperdoável ainda não me ter lembrado de a pôr aqui...

Oh my love, my darling
I've hungered for your touch
A long lonely time
Time goes by so slowly
and time can do so much
Are you still mine?
I need your love,
I need your love
God speed your love to me
Lonely rivers flow to the sea
To the sea
To the open arms of the sea
yeah yeah
Lonely rivers sigh "Wait for me"
"Wait for me"
I'll be coming home
Wait for me
Oh my love, my darling
I've hungered,
Hungered for your touch
A long lonely time
And time goes by so slowly
And time can do so much
Are you still mine
I need your love,
I,I need your love
God speed your love to me

Righteous Brothers

junho 11, 2006

Até já avó...


Tudo o que se diga a quem sofre
sabe a pouco se foi dito por quem nunca sofreu
Não há fala que mitigue a dor
de um corpo à espera da morte,
não há alívio que apazigue a aflição
de quem se defende da luz de cada dia.

Há, do outro lado da escrita,
uma voz que resume todo o sofrimento,
e contudo não se queixa,
não conhece o fel da imprecação
nem a fúria a que leva o desespero.
É uma voz mansa e paciente, delicada,
soletrando as sílabas e os segundos
como se cada hora fosse uma dádiva,
como se cada dia não passasse de um milagre.

Nem nos quadros, na exaltação das cores,
encontrei quem enfrentasse o sofrimento
com esta paz, com esta laboriosa esperança.
Este sofrimento já se apoderou
de muito do que eu amava,
sem consentir pactos nem tréguas.

Nunca um sofrimento assim
caberá inteiro no tumulto de um poema.
Há lugares a que a escrita não ousa chegar
por serem demasiado humanos para que os digamos.

José Jorge Letria

Linda, linda, linda...


Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
E nesse desepero em que me vejo
já cheguei a tal ponto
de me trocar diversas vezes por você
só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que
faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar

José Wilson

Now you say you're lonely
You cry the long night through
Well, you can cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you
Now you say you're sorry
For being so untrue
Well, you can cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you
You drove me, nearly drove me, out of my head
While you never shed a tear
Remember, i remember, all that you said
Told me love was too plebeian
Told me you were through with me and
Now you say love me
Well, just to prove you do
Come on and cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you


Arthur Hamilton

junho 10, 2006


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco



Cesariny

junho 09, 2006


Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Qua nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você


Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você



Tom Jobim

junho 06, 2006

Não o teria dito melhor.. Invejosos e invejosas..Obrigada por existirem! ; )



"Aqueles que são invejados entristecem-se com o rancor que sentem à sua volta; se são orgulhosos, por receio de algum prejuízo; se generosos, por compaixão dos que invejam. Mas depressa se alegram: se me invejam, isso quer dizer que tenho um valor, dos méritos, das graças; quer dizer que sentem e reconhecem a minha grandeza, o meu triunfo. A inveja é a sombra obrigatória do génio e da glória, e os invejosos não passam, de forma odiosa, de admiradores rebeldes e testemunhas involuntárias. Não custa muito perdoar-lhes, quando existe o direito de me comprazer e desprezá-los. Posso mesmo estar-lhes, com frequência, gratos pelo facto de o veneno da inveja ser, para os indolentes, um vinho generoso que confere novo vigor para novas obras e novas conquistas. A melhor vingança contra aqueles que me pretendem rebaixar consiste em ensaiar um voo para um cume mais elevado. E talvez não subisse tanto sem o impulso de quem me queria por terra. O indivíduo verdadeiramente sagaz faz mais: serve-se da própria difamação para retocar melhor o seu retrato e suprimir as sombras que lhe afectam a luz. O invejoso torna-se, sem querer, o colaborador da sua perfeição."
Pannini

junho 05, 2006



Posso ver " Quatro Casamentos e um Funeral" milhares de vezes..Só para ver a tal cena.. Para, pela milésima vez, chorar, chorar e chorar... Um amor assim, dito assim, sentido assim...




Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;

For nothing now can ever come to any good.






W.H.Auden

maio 19, 2006

De ti tudo, tudo de ti...

" Gosto tudo de ti"


António Lobo Antunes

maio 18, 2006

Estrela da tarde

Para mim, dos poemas mais bonitos de sempre..
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.
Ary dos Santos

maio 06, 2006

Cada vez mais..


"O teu corpo é-me cada vez mais presente, vai apagando os outros corpos. Cada vez mais comum e mais único ao mesmo tempo, esvaziando-me de outros desejos. Cada vez mais parte do meu próprio corpo.
Logo que as nossas peles se abandonaram ao contacto, e as nossas carnes se deixaram moldar, percebi que entrámos no segredo que funde dois num só. Como se nos tivéssemos encontrado logo na meta.
Um corpo de duas almas."
Pedro Paixão

maio 05, 2006

O outro amor...

"- E que é que estás a ler?
- Um romance. Mas cala-te. Se falas, a chama mexe-se e mexem-se-me as letras.
O outro afastou-se para não estorvar, mas era tal a atenção que o velho prestava ao livro que não suportou ficar-se à margem.
- De que é que trata?
- Do amor.
Perante a resposta do velho, o outro aproximou-se com renovado interesse.
- Não me lixes. Com fêmeas ricas, das que fervem?
O velho fechou o livro num repente fazendo tremer a chama do candeeiro.
- Não. Trata-se do outro amor. Do que dói."
Lúis Sepúlveda

maio 03, 2006

Don´t ever get tired

Learn to live
Learn to love
Learn to feel happy
Learn to recognise
Where the joy lies
Learn to sing
Learn to move
Your foot tapping on the side
You’ve been watching them
For all of your life
And don’t let those moments
Pass you by
You set your slightest
Step to the inside
It’s another year
You’re still around
Can I touch you to make sure
How you tired of waiting for me
Don’t ever get tired
Of waiting for me
I’ve been wanting to
All this time
You set your slightest step
To the inside
I’ve been wanting to
All this time
You set your slightest step
To the inside
Tindersticks

maio 02, 2006

Prece


Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento repetido
Como o florir das ondas ordenadas.




Sophia de Mello Breyner Andersen

abril 21, 2006


Obrigada por teres aparecido na minha vida...

abril 20, 2006

Diz que sim...

A qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer situação...Hum....

abril 18, 2006

Muita paz, paz, "Pazcoa"...

Nesta Páscoa, o coelhinho trouxe muitos ovinhos e dentro de um deles havia um brinde muito especial... ; )

abril 14, 2006


Perfect night..Perfect morning...

abril 13, 2006

ontem à noite
sonhei de corpo inteiro– acordei com teu cheiro...


Alonso Alvarez

abril 12, 2006

" O meu sonho é ter uma traineira e um burro mirândes para ir à pesca.."
Esta não é para ninguém perceber, a não ser, o envolvido em tão curiosa afirmação.. ; p

abril 09, 2006


Ás vezes apetece-me pintar a paisagem...
foto de: Helga Cardoso

abril 08, 2006


Os dados estão lançados.... Sorte ou azar?
foto de João Alves

abril 07, 2006

Aconchego

De volta a casa para as tão desejadas férias.O cheiro a casa, a comida da mamãe, o colinho da família, os mimos que tanta, tanta falta fazem... O amigo ao qual o nosso olhar não mente, por mais que nos estejamos a rir, ele sabe como nos sentimos por dentro.. Os abraços,os afagos, os jantares, os lanches e os almoços..lol A tristeza que nunca vem na mala ( pelo menos tenta-se )As ruas e os lugares que nos fazem esquecer as dores, as mágoas..As lágrimas que são limpas só com o cheiro do mar... As noitadas, os risos e os sorrisos,as lágrimas.. As partilhas e os segredos.. A paz de sempre, o movimento de sempre, a calma e a agitação de sempre..

"- Como está tudo por aqui?"

"- Já sabes como é... Tudo na mesma.. ; )"

Tudo na mesma... E ainda bem...

abril 05, 2006

Um dia frio..

Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você,
E tudo me divide
Longe da felicidade e todas as suas luzes te desejo como ao ar
Mais que tudo,
És manhã na natureza das flores
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia,
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo,
O verde faz do azul com amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris
Djavan
Fácil é ouvir a música que toca
Difícil é ouvir a sua consciência.
Fácil é perguntar o que se deseja saber..
Difícil é estar preparado para ouvir a resposta.
Fácil é sonhar todas as noites
Difícil é lutar por um sonho.
Fácil é chorar ou sorrir quando dá vontade
Difícil é sorrir com vontade de chorar..
Fácil é ver o que queremos ver
Difícil é saber que nos iludimos como que achavamos ter visto.
Fácil é querer ser amado
Difícil é amar completamente só..
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados
Difícil é sentir a energia que é transmitida..Aquela que toma conta do nosso corpo quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é dizer olá
Difícil é dizer adeus..
Carlos Drummond de Andrade

abril 04, 2006


Hoje sinto-me nas...
Sim, isso mesmo!

abril 03, 2006



Se for preciso, irei buscar um sol
para falar de nós:
ao ponto mais longínquo
do verso mais remoto que te fiz
Devagar, meu amor, se for preciso,
cobrirei este chão
de estrelas mais brilhantes
que a mais constelação,
para que as mãos depois sejam tão
brandas
como as desta tarde
Na memória mais funda guardarei
em pequenas gavetas
palavras e olhares,se for preciso:
tão minúsculos centros
de cheiros e sabores
Só não trarei o resto
da ternura em resto desta tarde,
que nem nos foi preciso:
no fundo do amor, tenho-a comigo:
quando a quiseres...
Ana Luísa Amaral

abril 02, 2006

Such a perfect day...


There's still a little bit of your taste in my mouth
There's still a little bit of you laced with my doubt
It's still a little hard to say what's going on ...
There's still a little bit of your song in my ear
There's still a little bit of your words I long to hear
You step a little closer to me
So close that I can't see what's going on ...

março 31, 2006



A linguagem a que dou menos valor é a linguagem verbal...

Ai!!!!!!!!!!!!!


Hoje só me apetece passar com as unhas num quadro negro e ouvir aquele barulhinho irritante, morder um pau de gelado, roer uma almofada..Fazer tudo aquilo que me faz arrepiar e que detesto! Para ver se acordo..Bah!

Faz hoje 11 anos meu tudo..

Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
O ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

Os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossiveis, mais permanentes e imutáveis
transforma-se devagar em tempo.

Por si só, o tempo não é nada.
A idade não é nada.
A eternidade não existe.
No entanto, a eternidade existe.

Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
Os instantes do teu sorriso eram eternos.
Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

Foste eterno até ao fim.

J.L.Peixoto

março 28, 2006

...

I don't wanna be anything, other than what I've been trying to be lately...

março 27, 2006

Obviously obvious..

You’ been lying in bed for a week now
Wondering how long it’ll take
You haven’t spoken or looked at her in all that time
It’s the easiest line you could break
She’s been going about her business as usual
Always with that melancholy smile
But you were too busy looking into your affairs
To see those tiny tears in her eyes
Tiny tears make up an ocean
Tiny tears make up a sea
Let them pour out, pour out all over
Don’t let them pour all over me
How can you hurt someone so much your supposed to care for
Someone you said you’d always be there for
But when that water breaks you know you’re gonna cry, cry
When those tears start rolling you’ll be back
Tiny tears...
You’ve been thinking about the time, you’ve been dreading it
But now it seems that moment has arrived
She’s at the edge of the bed, she gets in
But it’s hard to turn the opposite way tonight
Tiny tears...
Tindersticks

Meu porto seguro..


Antídoto


"Como o sangue, corremos dentro dos corpos no momento em que abismos os puxam e devoram. Atravessamos cada ramo das árvores interiores que crescem do peito e se estendem pelos braços, pelas pernas, pelos olhares. As raízes agarram-se ao coração e nós cobrimos cada dedo fino dessas raízes que se fecham e apertam e esmagam essa pedra de fogo. Como sangue, somos lágrimas. Como sangue, existimos dentro dos gestos. As palavras são, tantas vezes, feitas daquilo que significamos. E somos o vento, os caminhos do vento sobre os rostos. O vento dentro da escuridão como o único objecto que pode ser tocado. Debaixo da pele, envolvemos as memórias, as ideias, a esperança e o desencanto."

José Luis Peixoto

março 26, 2006

Já escrevi e voltei a escrever, corrigi, voltei atrás..Hum..Começar agora?Nenhum motivo especial ou todos talvez..Inveja da colega de casa,da amiga, da outra amiga, da prima da amiga, do irmão da prima da amiga..Todos com um blog menos Zézinho?Num pode ser! Por isso, a partir deste momento,comprometo-me(comigo própria ; ) ) a deixar neste espaço as minhas lamentações(tantas, tantas..) os meus sorrisos,os meus mimos, os meus segredos partilháveis,os meus crominhos coleccionados, os meus momentos(os extraordinários, os muito bons, os bons, os mais ou menos, os maus, os péssimos e os outros..que também os há..) e todas as outras coisas das quais não me lembro agora..