outubro 28, 2008


Never give all the heart, for love
Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that's lovely is
But a brief, dreamy, kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.

Yeats

outubro 25, 2008

"Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor

que te procuram."


Herberto Hélder


outubro 22, 2008

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envelhecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes

outubro 18, 2008




Por contraditório e estranho que pareça, esta música faz-me sorrir. Muito.

"Ah,don’t you feel alive
When you dance between my thoughts
You swore to come here everynight
Just to sing our song."


Fingertips

outubro 17, 2008

Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto
Não há como saber se o caminho é o certo
Só pode voar quem arriscar cair
Só se pode dar quem arriscar sentir

Mafalda Veiga

outubro 16, 2008

tinhas um jeito
que me domesticava
como a um cão faz o dono
encaravas-me como o resto
de uma refeição mal digerida

retraí os ombros
as mãos as pernas
continuei indiferente às horas
encerradas na lamúria do desejo

podia aguardar nos teus gestos
o amadurecimento das palavras
que cantei sem garganta

podia
mas não aguardei

agora
lamento apenas
que seja tão banal
o nosso amor

Henrique Bento Fialho


outubro 14, 2008

Morrerás em breve. É incontestável. E quanta verdade morrerá contigo sem saberes que a sabias.Só por não teres tido a sorte de num simples encontro ou encontrão ta fazerem vir ao de cima.

Vergilio ferreira



outubro 11, 2008

esquece-me. quero andar
ao sabor do meu instinto
cultivado na desgraça.

o amor,
- deixa um travo, mas passa.

não tenhas pena.

do alto do meu aprumo
desafio a tua verve:

- para morrer,
qualquer lugar,
qualquer corpo,
e qualquer boca me serve.

António Botto

outubro 07, 2008



Mais uma vez, gostei muito ; ) Cá um jinho Pacman, cá um jinho! ; p

outubro 04, 2008

outubro 03, 2008

Um amor meu, publicou o seguinte texto:

"Um dia... tu deixasses de existir? Como seriam os meus dias? Em que pessoa me tornaria? Como seriam as minhas noites? Sentir-me-ia desamparada?
Provavelmente sim. Os meus dias passariam devagar e o pôr do sol seria triste. Teria dificuldade em reencontrar-me e as minhas noites seriam frias e vazias... Sentiria falta dos teus abraços seguros e de te ver rir... Acharia que nunca mais seria capaz de encontrar alguém que me preenchesse tanto como tu... E tu não sabes disto.. Que o meu coração está nas tuas mãos.

Por isso, sê meigo... e faz-me sentir que não tenho que me preocupar com o que aconteceria se um dia tu não existisses."

Papillon

Pois aqui vai o que penso sobre isto...

Para mim, se existe amor, existe sempre o medo de perder quem amamos. Se esse medo não existir, então é porque não é amor o que sentimos. Só faz sentido uma relação em que há o medo de perder o outro. Não estou a falar num medo constante, que perturbe em todos os momentos, nada disso.Mas o medo que nos faz olhar para o lado e sentir uma dor no peito, sentir o coração a bater mais forte, se pensamos que a “nossa” pessoa, algum dia nos pode faltar. E quando essa pessoa nos falta, dói muito... Falta-nos o ar, falta-nos o chão, perdemos o norte e levamos tempo a nos recompor, ou às vezes, não nos recompomos mais. Continuamos porque temos de continuar, por nós e por aqueles que nos amam e que também estariam perdidos se alguma vez lhes faltássemos. Mas perder alguém que amamos, perder aquele amor maior, aquele amor que, por mais pessoas que conheças, por mais corpos que sintas, por mais nomes que repitas, nunca voltar a encontrar outro que a ele se assemelhe, dói e irá doer sempre. Com o tempo tudo vai cicatrizando, a dor vai esmorecendo e os olhos deixam o chão e começam a tentar ver de novo. Mas acredito, sei, que a tal dor continua a existir no peito, mais fina, menos aguda, mais fraca, mas sempre presente, sempre que nos permitimos e temos a coragem de recordar o tal amor maior... Só nos resta então, aceitar a falta desse amor e com essa falta viver ou tentar viver outros amores.


Com a certeza, minha querida Papillon, que poderá faltar-te o tal amor maior, esperando claro, que isso nunca te aconteça, mas fica sabendo que, o meu amor, esse, nunca te faltará...


outubro 02, 2008



Como diria um amigo meu " tu és tão velhinha...", e não, não se estava a referir à minha idade ; p , mas sim ao facto de continuar presa a recordações, a cheiros, a pessoas ou à ausência delas. E a músicas. Sempre presa a músicas que em determinada altura da minha vida me disseram alguma coisa e continuam a dizer. Esta é mais uma dessas músicas. Horrorosa para alguns, de vomitar para outros, pavorosa para muitos..lol Para mim,linda.Por muitas razões...