setembro 30, 2008

" o que eu gostava
era de poder falar na tua boca
para que as tuas palavras fossem minhas
e pudesse permanecer silencioso ao teu lado. "

Pedro Paixão

setembro 26, 2008




"Quero ver as cores que tu vês
Para saber a dança que tu és
Quero ser do vento que te faz
Quero ser do espaço onde estás

Fazes muito mais que o sol..."

setembro 24, 2008

Tu tão em mim que eu desapareci em ti.

Faiza Hayat

Não sei adormecer: a madrugada
respira num silêncio que é o teu
silêncio, nesta febre
a arder na minha alma tão antiga.

Lá fora os astros não respondem:
as montanhas diluem o tempo e o espaço
e todo o céu começa a dilatar-se
no êxtase mais negro enquanto bebo
o cego sofrimento de não estares aqui.

A tua ausência fala-me às escuras
e o olhar devora estas paredes,
o meu quarto vazio onde se oculta
o lume de uma estrela
pronta a morrer. A noite
chama ainda por ti dentro de mim
- sombra feita de luz,
à espera de outro sonho ou do teu próximo
sorriso.

Fernando Pinto do Amaral


setembro 12, 2008

A vida, é para ser vivida.
Mas se não for, é mais segura.


Alexandre O'Neill

setembro 11, 2008


“ Um dia pensarei que passei por ti como passam os pássaros

por este campo que há-de tornar-se seco, no inverno; e que a
primavera que vivemos não há-de voltar, ao contrário dessa
que todos os anos sucede ao inverno, trazendo consigo esses
pássaros de que me lembro ao pensar que estou sem ti, agora
que todas as viagens chegaram ao fim, e uma pausa se prolonga
até se tornar definitiva. Mas não é por pensar isso que me sinto
longe de ti: o que talvez me faça sofrer, como se o sofrimento
não fosse uma parte do amor, e se substitua a ele, quando o
tempo impõe as suas regras, e nos lembra que dependemos
de pequenas coisas para que tudo mude, de um dia para o outro,
tornando-nos outros do que fomos, embora continuemos a
sentir o que sempre sentimos. Então, dirás,
alguma coisa valeu a pena? E eu respondo que
a migração dos pássaros é um sintoma de que os hábitos
não mudam quando queremos; e a vontade dos que
querem ficar leva-os à morte, como se entre morrer e amar
houvesse um elo que não sabemos de onde vem, mas se manifesta
na melancolia de um bater de asas, sob os ramos da árvore,
quando o céu de chuva impede o voo para cima dos seus
ramos. Mesmo que peguemos nessa ave, de pouco servirá: o
seu destino foi escolhido por ela, e quando isso acontece nada
podemos fazer. Debate-se, procurando escapar aos dedos
que a prendem; e esse gesto leva-a para onde não lhe chegamos,
a não ser com o olhar, sabendo que no dia seguinte o ramo
irá ficar vazio. Assim, voltei ao café onde tantas vezes te
esperei: e não havia ninguém na mesa, como se a maldição
tivesse tomado conta do lugar. «É do inverno», disse
o patrão, «ninguém sai de casa com este tempo.» Não lhe
dei outras razões. O que eu sei, levaste-o contigo, neste
inverno em que nem os pássaros querem ficar.”

Nuno Júdice

setembro 10, 2008


meu corpo é como um poço aberto no meio do caminho;

nele alguns lavam o rosto,

lavam nele outros os pés.

herberto helder

setembro 08, 2008

Há dias que são como espaços preparados
para que tudo doa.


roberto juarroz

setembro 02, 2008

"Não preciso de amigos que mudem quando eu mudo

e concordem quando eu concordo.

A minha sombra faz isso muito melhor."


Plutarco

setembro 01, 2008

"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho, como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei".

Fernando Pessoa