agosto 26, 2008

vou partir
como se fosses tu que me abandonasses.

Al Berto

agosto 22, 2008



Tão bons momentos passei eu ao som desta música...Ui, ui... ; p

"Now I've tried to talk to you and make you understand
All you have to do is close your eyes
And just reach out your hands and touch me
Hold me close don't ever let me go
More than words is all I ever needed you to show
Then you wouldn't have to say that you love me
Cos I'd already know"

agosto 20, 2008

Eu quase amei a forma como tu mentias

Limpando os pés ao meu sorriso

E é claro que achas que eu não presto

É claro que achas que eu não sirvo

Foi no teu amor que algo se perdeu

Foi no teu amor

Não no meu

Eu quase amei a forma como tu me vias

Logo eu amo outra pessoa

E eu não me importo se eu não presto

Eu tenho planos para lá de mim

E tu és só o que eu te empresto.


Manuel Cruz


agosto 14, 2008


lembro-me da minha mão
pousada sobre a tua
e esse instante está debaixo
da palavra solidão.

José Luís Peixoto

agosto 13, 2008

Apanha-me as migalhas, por favor. São pedaços que deixei de mim nas tuas mãos, julgando-te com uma dessas fomes danadas, de queixo aguçado e olhos saltando das órbitas. Não tens dedos delicados e humildes para numa paciência de puzzle confortares o estômago com tão miseráveis pedaços do pão que te dei. Tinha como te alimentar e te fortalecer os músculos para uma luta mais justa, agora que é tão intensa e não podes fugir dela. Tinha todas as fontes onde pudesses saciar as tuas sedes. Preferiste espalhar-me ao largo, voltar costas, com um aceno breve por cima dos ombros arrogantes. Agora não sei. Nunca soube se esse aceno era de repúdio ou se querias ainda que te pusesse a mão por baixo, como se faz aos passarinhos que aprendem os primeiros passos do voo. Nada mais a dizer. Recolhe-me por favor as migalhas, e devolve-me o corpo, traçado a dores que não quiseste compreender.


José Alexandre Ramos

agosto 12, 2008


nas tuas mãos começa o precipício


luís miguel nava

agosto 11, 2008



A indecisão sobre as férias (bem merecidas diga-se de passagem) continuava...Riviera Maia ou Cuba, Cuba ou Riviera Maia. Mas perante o concerto de ontem, vamos para Cuba ah pois vamos! Só esperamos cruzar-nos com o Yotuel Romero (o sr dos Orishas que nos dá uns calores que ai Jesus!) ou com qualquer outro cubano com sangre muy caliente!Ih ih ih ih!Venham os mojitos, os charutos e tudo a que temos direito ; )

agosto 08, 2008

big big truth

às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas.
o tempo passa e descobrimos que
grandes mesmo eram os sonhos e
as pessoas pequenas demais para torná-los reais.

Bob Marley

agosto 07, 2008

Tenho o coração gasto....

foto de Lobo Solitário

agosto 06, 2008

O corpo não espera.não por nós
ou pelo amor.este pousar de mãos
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos
este pousar em que não estamos nós
mas uma sede, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera;este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

tem tanta pressa o corpo! e já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.


Jorge de sena


agosto 05, 2008

Teço delicadamente a angústia de não poder simplesmente abrir-te os braços como quem apanha o comboio para um país distante e nada tem como bagagem

(tu és esse país).

Não sabes como é isto. Este tecido que vai crescendo lento como uma manta que se deita sobre alguém que adormeceu

(queria fugir)

abruptamente. Não sabes como é isto. Querer tocar-te as sobrancelhas como quem se lembra de tocar piano com as mãos vagarosas e um pouco tristes

(abro o maço dos cigarros)

das mulheres que fazem renda de bilros, trocando as peças minuciosamente no mesmo ritmo de sempre. Não sabes como é olhar-te nessa elegância de pássaro e mandar para trás o dedo que se estende em direcção ao teu sorriso

(ponho um cigarro na boca como quem te morde as asas).

Teço delicadamente e de cor os contornos da tua cara toda. Sei de cor, sem nunca os ter tocado com a ponta da língua, os teus dentes que queria abrir como quem apanha o autocarro em direcção à noite e vai

(sem nada)

para se deixar estar. E tu não sabes como é isto. Querer simplesmente abrir-te a boca com o vagar de quem passeia entre castanheiros antigos e é um deles

(exactamente um deles)

à espera do fruto. Ponho um cigarro na boca. E o fumo sobe a traçar rotas para longe, que não sigo. Seguro a angústia entre os dedos

(médio e indicador)

com a mesma força de quem esmaga a beleza insuportável das tuas pestanas. E eu gosto da tua cara apenas feita para contrariar a inutilidade dos meus dias. Tu não sabes como é isto. Querer tocar-te onde o teu cabelo nasce como quem põe as mãos debaixo de torrentes de água fria

(e não estremece).

Eu gosto das tuas pernas magras que não andam como as demais. Dos teus braços estreitos como asas desengonçadas. Das tuas mãos que nunca pousaste sobre mim. Da tua barriga lisa e constante onde

(se)

podia afogar toda a angústia que é amar-te sem o tacto. O mesmo sentido que uso para abrir maços de cigarros e tomá-los entre os dedos, um atrás do outro, com a mesma urgência com que te tomaria o sexo

(esse país).

Eu gosto dos teus ombros que inclinas suavemente como um olhar que se perde no chão e não consegue encontrar o caminho de regresso. E tu não sabes como é isto. Querer endireitar-te os ombros. Dar-te um mapa que os teus olhos pudessem seguir sempre e nunca em frente

(a transparência).

Teço delicadamente a angústia de te amar sem

(sentido)

o amor táctil que votamos às coisas importantes

(os livros, os maços de cigarros)

e sob a a manta abrupta

(impalpável)

adormeço.

Caetano Veloso

agosto 04, 2008

Prendes num dia o que desligas noutro,
e entre o não e o sim não há meio termo:
o passo dado em frente com desvelo
revolta após por pouco duradouro.

Negas agora mas depois afirmas
e quando afirmas saberás negar:
ponteiro de um relógio que não gira
e quando gira é como se parasse.

Um cão fiel à infidelidade:
um infiel fazendo a guerra santa
com tanta santidade e temperança
que se desdiz ao prosseguir p'ra trás.



António Salvado

agosto 01, 2008

"Odeio quem me rouba a solidão

sem em troca

me oferecer

verdadeira companhia"

Nietzsche