julho 31, 2007


E por vezes as noites duram meses

E por vezes os meses oceanos

E por vezes os braços que apertamos

nunca mais são os mesmos

E por vezes encontramos de nós em poucos meses

o que a noite nos fez em muitos anos

E por vezes fingimos que lembramos

E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos

só o sarro das noites não dos meses

lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos

E por vezes por vezes ah por vezes

num segundo se envolam tantos anos.


David Mourão Ferreira

julho 30, 2007

Naquele tempo
Tu vinhas de noite à procura de amor
E eu fumando um cigarro
Esperava por ti
Quando chegavas
Abrias a porta sem me avisar
P'la noite fora
Ficavas abraçada a mim
Na cabana
Junto à praia
Entre as dunas e os canaviais
Só o vento
E o mar
E as gaivotas
Falam desse amor
Na cabana
Todos os anos
Eu volto em agosto ao mesmo lugar
Já uma hera
Cobriu a parede do quarto
Dava dez anos
De vida para te ver voltar
Posso estar farto
De tudo mas nunca me afasto
Da cabana
... ... ...


José Cid
ps- Nunca mais serei a mesma depois disto. Garanto-vos ; p. Um grande bem haja à Camara Municipal de Lagos por me permitir ver e ouvir live, mas mesmo live, esta lenda incontornável da música portuguesa. E as favas com chouriço? Até chorei..

julho 27, 2007



"Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar, apesar de todas as dificuldades e de todos os obstáculos.Uma só idade para nos encontrarmos com a vida, para vivermos apaixonadamente tudo com toda a intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Essa idade tão fugaz da nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa."
Fernando Pessoa

julho 26, 2007

Voltou. E ainda bem...

Encosta-te a mim,
Nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes vizinha de mim,
deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada, porque arrasei o que não quis
em nome da estrada,
onde só quero ser feliz enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Jorge Palma
ps- vejam o video clip. Está fantástico...

julho 25, 2007



Parabéns a mim!!!!

julho 24, 2007

Para ti



Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada
De estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que sinto

Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua lingua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chiclete de mentol
E eu gosto dela assim


Rui Veloso

julho 15, 2007

Consider me gone...



There were rooms of forgiveness
In the house that we share
Bu the space has been emptied
Of whatever was there
There were cupboards of patience
There were shelf-loads of care
But whoever came calling
Found nobody there
After today, consider me gone
Roses have thorns and shining waters mud
And cancer lurks deep in the sweetest bud
Clouds and eclipses stain the moon and sun
And history reeks of the wrongs we have done
After today, consider me gone
I've spent too many years at war with myself
The doctor has told me it's no good for my health
To search for perfection is all very well
But to look for heaven is to live here in hell
After today, consider me gone

Sting

julho 03, 2007

If you forget me...


I want you to know one thing.


You know how this is:

if I look at the crystal moon,

at the red branch of the slow autumn at my window,

if I touch near the fire the impalpable ash

or the wrinkled body of the log,

everything carries me to you,

as if everything that exists, aromas, light, metals,

were little boats that sail toward those isles of yours that wait for me.

Well, now, if little by little

you stop loving me I shall stop loving you little by little.

If suddenly you forget me do not look for me,

for I shall already have forgotten you.

If you think it long and mad,

the wind of banners that passes through my life,

and you decide to leave me at the shore of the heart where I have roots,

remember that on that day,

at that hour,

I shall lift my arms

and my roots will set off to seek another land.

But if each day, each hour,

you feel that you are destined for me with implacable sweetness,

if each day a flower climbs up to your lips to seek me,

ah my love, ah my own,

in me all that fire is repeated,

in me nothing is extinguished or forgotten,

my love feeds on your love, beloved,

and as long as you live

it will be in your arms

without leaving mine.
Pablo Neruda
Ps- Bigada Joaninha ; p

julho 02, 2007

Recordar a genialidade..

Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar


Já não fico à espera
Já não fico à espera mais
Já não fico à espera
De ver acender
Essa luz que me quer ofuscar


Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem me deslumbrar
Já vejo as limitações
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem enganar


Perdi as ilusões
Conheço as limitações
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar


António Variações