junho 01, 2009

Answer


Na verdade, o amor é tudo o que se avista quando se observa o coração do planalto de um abraço. Diante desse horizonte – macio e vasto – há quem ache o amor uma moda acabrunhada, quem se empanturre de tudo o que permita que não se dê pela sua falta, e quem pressinta que amar é ver mais longe (de cada vez que os olhos se fecham devagarinho, simplesmente). Os primeiros perdem-se nos sonhos. Os segundos olham-nos de cima (e, supostamente, exultam diante da ventura de não sonhar). Os terceiros fazem dos sonhos o passadiço do amor. Os que se perdem nos sonhos falam da ausência do amor, timidamente, evocando o cansaço. Ou reclamam-no, simplesmente, invadindo de ira todos os seus gestos. No fundo, temem-no, de tanto o desejarem (protelando-o, sempre, para depois). Vivem amarrotados pela distância que vai entre tudo o que sonharam e as brumas dos dias (que não lhes tiram os desejos nem lhos trazem, de surpresa). E dão-se conta dos sonhos que se perderam sempre que, por acidente, esbarram em relações de sonho. Os que o olham de cima supõem que são as manhãs de sol quem abre as persianas pelo coração. Acham o amor uma relação fora de moda e o melhor que conseguem é encontrar a pessoa dos seus sonhos... para os próximos dias. Não compreendem que a sedução é uma defesa contra os abraços. E não concebem que a segurança seja contar com o amor de alguém (em vez de estar seguro que a pessoa com quem se conta não conte, seguramente, para mais ninguém). Já os outros reconhecem que, quando ponderamos acerca do que gostamos numa pessoa, não gostamos dela: reparamos nos pormenores. E que, quanto mais preponderante é um amor, mais a iminência da sua perda nos revolve. Sabem, por mais que não as tenham, que há relações que iluminam a alma e que incendeiam a paixão. E que serão elas a quem chamamos amor. E que esse amor faz do que temos cá dentro uma democracia que nos torna, a todos, iguais nos sonhos e diferentes na forma de os vivermos. E é por isso que, diante das falhas do amor, somos todos crianças desamparadas entre um colo e as cavalitas (como se amar com resignação fosse uma casa de chocolate que, depois de nos distrair, acaba por nos comer). E que o que dói na dor é viverem dentro de nós pessoas que, perante o nosso sofrimento, digam, por palavras nossas: Afinal, quem és tu? Na verdade, amar é ver mais longe. Mais longe, até, do que se avista quando se observa o coração do planalto de um abraço. Saudar os sonhos com a inocência de quem procura neles um trilho especial. E perceber que tudo o que se sonha é pouco mais do que nada ao pé das relações que iluminam a alma e que incendeiam a paixão. E que só essas fazem dos sonhos o passadiço do amor.
Eduardo Sá

8 comentários:

Anónimo disse...

É tudo o que se avista...

Tiny Tear disse...

Não será bem isso mas se para ti for, cada um sabe de si : p

Anónimo disse...

Ontem era. Hoje é só raiva...
Não devia ter saido de casa.

Tiny Tear disse...

Tenho as minhas suspeitas de quem possas ser mas não tenho certezas : p Mas por mim, podes continuar anónimo,não é isso que interessa...Há dias bons e há dias menos bons,sempre foi assim e sempre será...É tentar encontrar alguma coisa de bom, naqueles q são menos bons. Sei que nem sempre é fácil mas há que tentar. É o que faço.

Anónimo disse...

LOL. Suspeitas? Que suspeitas são essas?
Pois, ontem foi um daqueles dias em que nada correu bem e que meio mundo nos quer fazer passar por parvo. Não ligues, para a semana estou de férias e isso é uma coisa boa... em principio.

Tiny Tear disse...

Continuamos em anonimato então ; p Férias é sempre sinal de algum descanso, físico ou mental, por isso partimos do princípio que será uma coisa boa ; )Tb terei uns dias e serão óptimas com certeza. Boas férias então! Vamo-nos encontrando por aqui : p

Anónimo disse...

Olá Cláudia,
Não sou ninguém em especial. Chamo-me Jorge e sim, sou quem tu pensas...

Tiny Tear disse...

Por acaso pensava que era outra pessoa, um amigo meu mas já lhe tinha perguntado e por isso estava na dúvida : p Mas tb não interessa. Comenta sempre que quiseres. Fica bem.