julho 23, 2008

Não queria contigo mais nada
senão aquilo que quero. Aquilo
que quero é que não quero e o
que não quero quero tanto.
Querer ou não querer não é a
questão; a questão é querer o
não querer ou vice-versa que
para aqui é pura conversa.
Resumindo, não querer é um
desperdício quando se trata de
ti, querida, que te quero como
um crente carente de sacrifício.

Quando o vento se levanta e passa, tua cabeça adormecida põe-se a brilhar. Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra, vagarosamente, pedindo-te um sinal. / Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. Toco a alba das pálpebras que, de súbito, se abrem para mim. / Um fio de luz coalha na saliva do lábio. / Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro. Mas não há repouso nesta paixão. / O dia cresce, sem luz – e os pássaros soltam-se do pólen dos sonhos, embatem contra os nossos corpos. / Nada podemos fazer. / Um risco de passos ensanguentados alastra pelo chão da cidade. A noite cerca-nos, devora-nos. Estamos definitivamente sozinhos./ Começamos, então, a imitar a vida um do outro. E, abraçados amamo-nos como se fosse a última vez… (...)

Al Berto


1 comentário:

Anónimo disse...

Cara vizinha vim só dar um olá, pois apenas agora descobri o seu Blog... E tinha que ser numa deixa do Al Berto

***

Bruno