maio 30, 2007

Para que serve o amor? Para se perder o medo...

"Deixei de te ver. Nao ha luz sequer. A noite cai. Como se fosse uma pessoa, a noite cai. Como se não fosses tu. Como se tivesses de partir e já fosses atrasado e fosses a correr e depois te esquecesses de voltar. E, mesmo querendo, já nao soubesses o caminho de volta, mesmo querendo, nao pudesses por já não o haver, o caminho de volta até mim. Sem maldade, puro esquecimento, sim, posso acreditar que lá fora facilmente encontres o que quiseres e isso te dê prazer. Aqui não, aqui, junto a mim, é mais dificil, eu sei.Aqui não se deixa agarrar um só instante. Derrete-se na boca, a vida, que está a passar. Num instante. Tu sabes o que é, e é bom que saibas como é porque mesmo se mo pedisses de todas as maneiras, não to podia dizer. O que podes, isso sim, do que mais precisas, isso sim, é de adormecer e descansar.Assim não podes continuar.Já reparaste como estás? Metes dó. Eu sei, a culpa não é tua, ficaste assim sem querer, o exacto contrário do que querias, eu sei, disseste-mo demasiadas vezes. A vida que nos deram não é nossa?Mas podias pelo menos tentar que passe por ti. E por mim, se não for pedir demais. Não sei se queres compreender mas não vou repetir, nem uma palavra. Não vale a pena, ficava logo tudo igualzinho à primeira vez. O que tu podes é abrir os olhos e ver."
Pedro Paixão

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