julho 06, 2009

Quase nada

És já quase nada. E choro por isso. Por teres sido tanto durante tanto tempo, que agora sinto-me vazia e perdida por seres já tão pouco. As lágrimas já não correm como dantes. Aparecem por vezes, tímidas e escassas porque me ponho de propósito a pensar em ti.Não como dantes em que eras parte anatómica de mim e chorar-te era chorar-me. Tenho de propósito parar para pensar. E choro por isso. Choro só eu, tu já não. Tenho de construir novos sonhos, novas nuvens para nelas perder a cabeça e novas estrelas para lhes pedir desejos. E isso custa. E choro por isso. Cada música ouvida e cada poema lido já não têm nem o teu rosto nem a tua voz. Lugares onde antes te sentia presente estão agora cheios de outras presenças, as nossas, já não as sinto. Cheiros que me levavam a momentos tão intensos que quase me faziam deixar de respirar, agora têm só leve aroma a nada. Sou eu agora.Tenho-me a mim. Sózinha. Era como se me sentisse mais forte e mais acompanhada por ter dois corações em mim. Agora só tenho o meu e tem de aprender a bater por si. Sózinho.

1 comentário:

Viajante disse...

Fico feliz pela coragem de te expores, de escreveres tu própria palavras que são apenas tuas... Assim se tecem as teias da vida...
Apenas quero partilhar contigo aquilo que eu sinto acerca do amor entre duas pessoas. É algo meu e que nunca será de mais ninguém... É apenas mais uma porta, num potêncial de infinitas portas que existem, mas que continuamos a não querer ver.
O amor não nasce da relação entre dois ou mais seres humanos. O amor jamais poderá existir ao nível do plano material, apenas podendo mostrar-se a um nível espiritual. O Amor é inerente ao teu ser interior, a ti, apenas é demasiado difícil integrá-lo na nossa vida. Nós não nos permitimos a isso, andamos demasiado inconsciêntes para o poder fazer, confundimos tudo... Olha à tua volta... Onde existe amor?? Pára e olha! Não existe amor nas relações das pessoas... Por momentos pode ser descoberto, pela junção de duas almas livres, abertas... mas logo tratamos de o matar com amarras e grilhetas!! Não podemos agarrar o amor... ao fechar o punho ele desaparece, exactamente como a vida... e como nós a agarramos... Se ele apareceu, devemos ficar gratos pela experiência, vivê-la na sua totalidade, e se por acaso ele desaparecer, devemos a nós próprios e ao outro a oportunidade de voltar a experimentar tamanho extâse. O importante não é com quem o experiênciamos, mas a experiência em si, o ser tocado pela existência... Aproveitemos para olhar para dentro, para onde surgiu tamanha alegria, e perceber como podemos inundar a nossa vida com tamanho perfume... Podemos sentir algum sofrimento, pois o sofrimento é a grande oportunidade de mergulhar no desconhecido, mas o que vale ficarmos eternamente paralisados aí?? Não nos podemos idêntificar com esse estado, pois simplesmente estamos a desperdiçar a oportunidade de viver... congelá-mos... morremos... A vida é movimento, dança, música...
Se nunca acharmos o Amor em nós, como é que raio vamos poder oferecê-lo a outro... e o outro a ti... Nós procuramos o Amor nos outros, somos pedintes, e achamos que os outros são imperadores... Mas a questão é que somos todos pedintes... e que grande desilusão quando nos apercebemos disso... O imperador só pode ser descoberto em ti, tornando-se um fluxo que brotará de dentro para fora, inundando todos à tua volta...

"Mas que na vossa união haja espaços.
E deixai, entre vós, dançar os ventos do céus.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão:
Que seja antes um mar em movimento entre as margens da vossa alma."

Em O Profeta de Kahlil Gibran

Beijos