dezembro 23, 2008

Deixei de te ver. Não há luz sequer. A noite cai. Como se fosse uma pessoa, a noite cai. Como se não fosses tu. Como se tivesses de partir e já fosses atrasado e fosses a correr e depois te esquecesses de voltar. E, mesmo querendo, já não soubesses o caminho de volta, mesmo querendo, não pudesses por já não o haver, o caminho de volta até mim. Sem maldade, puro esquecimento, sim, posso acreditar que lá fora facilmente encontres o que quiseres e isso te dê prazer. Aqui não, aqui, junto a mim, é mais difícil, eu sei. Aqui não se deixa agarrar um só instante. Derrete-se na boca,a vida, que está a passar. Num instante. Tu sabes o que é, e é bom que saibas como é porque mesmo se mo pedisses, de todas as maneiras, não to podia dizer. O que podes, isso sim, do que mais precisas, isso sim, é de adormecer e descansar. Assim não podes continuar. Já reparaste como estás? Metes dó. Eu sei, a culpa não é tua,ficaste assim sem querer, o exacto contrário do que querias, eu sei,disseste-mo demasiadas vezes. A vida que nos deram não é nossa? Mas podias pelo menos tentar que passe por ti. E por mim,se não for pedir demais. Não sei se queres compreender mas não vou repetir,nem uma palavra. Não vale a pena, ficava logo tudo igualzinho à primeira vez. O que tu podes é abrir os olhos e ver.
Pedro Paixão

4 comentários:

Anónimo disse...

Lindo, mais uma vez. Se eu conseguisse ver...

Tiny Tear disse...

Às vezes não é fácil ver o óbvio...Temos de olhar com o coração primeiro, e só depois com os olhos...

Anónimo disse...

Por vezes não é fácil perceber quando é que devemos olhar com o coração e quando é que o devemos fazer com os olhos... ou com qual o devemos fazer primeiro...
Enfim, ainda bem que o google aqui me trouxe.

Tiny Tear disse...

Welcome : )