o amor é uma casa onde cabem dois corpos
e os gestos entre eles.imaginemos que não se pode falar
e coloquemos uma ameixa madura no lugar da boca.
qual dos amantes dará o primeiro beijo?
a noite não tem olhos. um corpo sabe do outro corpo
apenas porque cheira. um corpo não sabe quem é o
outro corpo. são um homem e uma mulher.
mas, no silêncio, só há dedos e línguas.o toque é a linguagem,
a magia de ser vento numa carícia.e assim conversam os amantes.
imaginemos que podem escrever uma palavra.
têm apenas o corpo um do outro.
e, no lugar da boca,ameixas que sangram beijos. quando as línguas se afastam,
a noite abre os olhos com ternura.os dedos dele penetram o corpo dela.
no momento em que ele vai escrever
uma palavra no seu interior,
nesse exacto momento em que o amor é um gesto circular,
e a voz apenas um fio, ela sussurra:
escreve o teu nome.
Alice Macedo Campos
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