abril 29, 2009

Não te pergunto

não te pergunto de onde chegas?,

porque sei para onde vais.

hoje é a hora exacta em que até o vento

até os pássaros desistem.

e a noite a teus pés é um instante

e um destino.

não te pergunto onde está o teu rosto,

tantas vezes ocluso e pisado sobre os ramos,

onde está o teu rosto?

nem te peço que incendeies o teu nome

numa nuvem nocturna,

nem te procuro.

és tu que me encontras.

ficas no rio que passa,

nada de um tempo que não existe,

nem correntes, nem pedra, nem musgo,

nem silêncio.


José Luís Peixoto

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