Tocas um corpo, sentes-Ihe o repetido tremor
sob os teus dedos, o cálido andamento do sangue.
Observas-lhe o lânguido amolecimento,
as suas sombras corporais, o seu desvelado esplendor.
Não há palavras. Tocas um corpo; um mundo
enche agora as tuas mãos empurra o seu destino.
Estira-se o tempo nos pulmões
silva como um chicote rente aos lábios.As horas, o instante, detêm-se,
extrais aí a tua pequena parcela de eternidade.Antes foram os nomes e as datas.
a história tão clara e lúcida de dois rostos distantes.Depois aquilo a que chamas amor,
talvez se transforme em promessa arrancada,muro erguido que pretende encerrar
aquilo que só em liberdade pode ganhar-se.Não importa, agora nada importa.
Tocas um corpo, nele te fundes,apalpas a vida, real, comum. Já não estás só.
Juan Luis Panero
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