(...)
Podes dizer ao mundo inteiro que estas letras são tuas. assim como os
desenhos que fiz, os espaços que deixei. Podes dizer a toda a gente que um
dia te amei e que foste tu quem me fez poeta. Podes nadar em orgulho ao saber que todos os copos que bebi foram por ti. Que os cigarros que fumei
ansiosa e apressadamente foram pela saudade do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos, de trovões e de tufões, vais poder
dizer que fui eu quem fez a China, quem ergueu muralhas e deitou as lágrimas
de sangue. Quando te perguntarem se um dia me conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade. Podes deixar o medo do conhe-
cimento alheio, agora que te sou realmente alheia. Quando um dia o mundo se
desfizer verdadeiramente em estações trocadas - o Verão pelo Outono ou o Inverno pela Primavera - aí podes descansar. Podes contar à galáxia e aos seus
sobreviventes que, meu eterno desconhecido, um dia me fizeste rainha.
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desenhos que fiz, os espaços que deixei. Podes dizer a toda a gente que um
dia te amei e que foste tu quem me fez poeta. Podes nadar em orgulho ao saber que todos os copos que bebi foram por ti. Que os cigarros que fumei
ansiosa e apressadamente foram pela saudade do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos, de trovões e de tufões, vais poder
dizer que fui eu quem fez a China, quem ergueu muralhas e deitou as lágrimas
de sangue. Quando te perguntarem se um dia me conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade. Podes deixar o medo do conhe-
cimento alheio, agora que te sou realmente alheia. Quando um dia o mundo se
desfizer verdadeiramente em estações trocadas - o Verão pelo Outono ou o Inverno pela Primavera - aí podes descansar. Podes contar à galáxia e aos seus
sobreviventes que, meu eterno desconhecido, um dia me fizeste rainha.
(...)
José Eduardo Agualusa
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