Por mais anos que viva, vou continuar sem compreender como é que duas pessoas que se amaram não têm depois a coragem de dizer coisas tão simples como:"Estou apaixonado e queria que soubesses antes de todos", ou "apaixonei-me outra vez e estou muito feliz." Em vez disso, escudam-se num silêncio, e esse sim, pode fazer esquecer o que de bom se viveu durante anos.
Não gosto muito de generalizar, por poder ser injusta com as excepções (os excepcionais?), mas nisto de abrir o coração e falar sem medos, os homens são muito piores do que as mulheres. Os homens vieram com este defeito de fabrico: a intimidade é um fardo. Partilhá-la é aterrador. Partilhá-la com a ex-mulher que já não é preciso seduzir para ter sexo, é ainda pior. Por isso, toca a viver para a frente e esquecer o passado. Se ela souber por outros, tanto faz. Se os outros meterem a pata na poça porque acabaram de contar à amiga que o ex-marido dela anda com a amiga deles, paciência. Ela que se desenrasque.
O que eles não sabem - talvez o defeito de fabrico não permita saber atempadamente - é que normalmente as coisas tendem a repetir-se. O mal, como o bem, é-nos sempre devolvido. E a ironia não se compadece com os momentos mais felizes da nossa vida."
In " O sexo e a Cidália"
Sem comentários:
Enviar um comentário