"Nunca tiveste aquela sensação de amares alguém, de amares alguém muito, e de as circunstâncias em que a tua vida acontece destruírem a possibilidade desse amor, apesar de ele continuar a existir dentro de ti?"
Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa.
Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver.
Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor.
Nuno Júdice
setembro 23, 2007
-Meu corpo, que mais receias?
-Receio quem não escolhi.
-Na treva que as mãos repelem
os corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
O corpo torna-se inteiro,
Todos os outros ausentes.
Os olhos no vago
Das luzes brandas e alheias;
Joelhos, dentes e dedos
Se cravam por sobre os medos...
Meu corpo, que mais receias?
-Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
Me lembram quantos perdi
Por este outro que terei.
Jorge de Sena
setembro 21, 2007
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada
lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
-Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Hélder
setembro 20, 2007
Se partires, não me abraces - a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces
-o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém - longe de ti, o corpo não fazs
enão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.
Se me abraçares, não partas.
Maria do Rosário Pedreira
setembro 19, 2007
Ai oh pah..Tão chavalinhos..Mais uma daquelas músicas de sempre..
setembro 18, 2007
Aqueles que passam por nós,
não vão sós,
não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si,
levam um pouco de nós.
Antoine de Saint-Exupery
setembro 17, 2007
Como não consigo colocar isto noutro sítio (sou um bocado loura..; p) aqui fica o meu coisinho de contar ; p
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca pois metade de mim é o que eu grito a outra metade é silêncio Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante pois metade de mim é partida a outra metade é saudade Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos pois metade de mim é o que ouço a outra metade é o que calo Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso a outra metade um vulcão Que o medo da solidão se afaste e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância pois metade de mim é a lembrança do que fui a outra metade não sei. Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o seu silêncio me fale cada vez mais pois metade de mim é abrigo a outra metade é cansaço Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba e que ninguém a tente complicar pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer pois metade de mim é platéia a outra metade é canção Que a minha loucura seja perdoada pois metade de mim é amor e a outra metade também.
Oswaldo Montenegro
Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.
Já cá tinha posto a letra. Na altura em que ainda não sabia pôr videos no meu bloguito..Ok, gozem à vontade ; p Aqui fica uma das músicas mais marcantes da minha vida..
Não me encontro com ninguém(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles
setembro 02, 2007
"Ontem à noite eu chorei. Chorei porque o processo do meu crescimento foi doloroso. Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque os meus olhos estavam abertos para a realidade (...).Chorei porque não podia mais acreditar, e adoro acreditar.Ainda consigo amar apaixonadamente (...). Isto significa que amo humanamente. Chorei porque daqui por diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada à ausência dela."